Mediações teóricas para a análise da financeirização da produção do espaço na América Latina

Contenido principal del artículo

Fabio Lucas Pimentel De Oliveira

Resumen

O artigo objetiva estabelecer conexões dialógicas entre o plano abstrato-teórico e concreto-histórico das manifestações regionais e urbanas do processo de financeirização na periferia capitalista. Referenciando-se na literatura existente, resgata as interdependências exógenas e endógenas que definem a especificidade do subdesenvolvimento e argumentam pela necessidade dessa interface analítica para uma adequada interpretação da produção do espaço na realidade latino-americana. Propõe qualificar o alcance político, econômico, social e geográfico da hegemonia contemporânea do capital portador de juros e evidencia os aspectos relacionais, processuais e mediadores que imbricam tais dimensões em uma abordagem transescalar, baseada no caso brasileiro. Argumenta que a seletividade, a fragmentação e a exclusão típicas da espacialidade periférica são aprofundadas pela subsunção do ambiente construído pelo processo de financeirização.


Cómo citar
Pimentel De Oliveira, F. L. . (2019). Mediações teóricas para a análise da financeirização da produção do espaço na América Latina. Semestre Económico, 22(50), 47–69. https://doi.org/10.22395/seec.v22n50a3

Detalles del artículo

Citas

Aalbers, Manuel e Fernandez, Rodrigo (2016). Financialization and Housing: between globalization and varieties of capitalism. Em: Competition and Change, vol. 20, n.º 2, p. 149-166.
Abrucio, Fernando Luiz. (1994). Os barões da federação. Em: Lua Nova [online], n.º 33, p. 165-183.
Aquino, Dayani Cris e Cipolla, Francisco Paulo. (2008). O capital fictício e a crise imobiliária. Em: Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, n.º 23, p. 7-25.
Arrighi, Giovanni (2012). O longo século XX: dinheiro, poder e as origens de nosso tempo. São Paulo: Contraponto, 394.
Bair, Jennifer (2005). Global capitalism and commodity chains: Looking back, going forward. Competition and Change, vol. 9, n.º 2, p. 153-180.
Barrios, Sonia (1980). Dinámica Social y Espacio. Em: Morven: metodología para el diagnóstico regional. Caracas, Venezuela: Cendes, p. 235-238.
Belluzzo, Luiz Gonzaga (2013). O capital e suas metamorfoses. São Paulo: Ed. Unesp, 192p.
Braga, Juan Carlos (1996). Economia política da dinâmica capitalista: observações para uma proposta de organização teórica. Em: Estudos Econômicos, vol. 26, n.º 4, p. 83-133.
Brandão, Carlos Antonio, Fernández, Victor Ramiro e Ribeiro, Luiz Cesar (Orgs.) (2018). Escalas espaciais, Reescalonamentos e Estatalidades: lições e desafios para a América Latina. Rio de Janeiro: Letra Capital, 405p.
Brandão, Carlos Antonio (2016). Espaços da destituição e as políticas urbanas e regionais no Brasil: uma visão panorâmica. Em: Nova Economia, vol. 26, p. 1097-1132.
Brandão, Carlos Antonio (2009). Desenvolvimento, territórios e escalas espaciais: levar na devida conta as contribuições da economia política e da geografia crítica para construir a abordagem interdisciplinar. Em: Ribeiro, Maria Teresa F. e Milani, Carlos R. S. (orgs.) Compreendendo a complexidade socioespacial contemporânea: o território como categoria de diálogo interdisciplinar, p. 150-185. Salvador: Editora da UFBA.
Brenner, Neil (2004). New state spaces: urban governance and the rescaling of statehood. Oxford: Oxford University Press, 372p.
Brenner, Neil (2001). The limits to scale? Methodological reflections on scalar restructuration. Em: Progress in Human Geography, vol. 25, n.º 4, p. 591-614.
Cano, Wilson (2017a). Brasil: construção e desconstrução do desenvolvimento. Texto para Discussão. Unicamp. IE, Campinas, n.º 304, 43p.
Cano, Wilson (2017b). Introdução. Em: Monteiro Neto, Aristides; Castro, César Nunes de; Em:Brandão, Carlos Antônio (orgs.). Desenvolvimento Regional no Brasil: políticas, estratégiase perspectivas. Brasília, DF: IPEA, 475p.
Cano, Wilson (2011). Ensaios sobre a crise urbana do Brasil. Campinas, SP: Ed. da Unicamp, 376p.
Cano, Wilson (2010). Furtado: a questão regional e a agricultura itinerante. Em: Cadernos do Desenvolvimento. vol. 5, n.º 7, p. 23-53.
Cano, Wilson (2007). Questão Regional e Urbana no Brasil: alguns impasses atuais. Em: Diniz, C.C. (Org.). Políticas de Desenvolvimento Regional: desafios e perspectivas à luz das experiências da União Européia e do Brasil, p. 249-265. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
Cario, Silvio Antonio Ferraz e Buzanelo, Edemar (1986). Notas sobre a teoria Marxista da renda da terra. Em: Revista Ciências Humanas, vol. 5, n.º 8, p. 32-47.
Castells, Manuel (1977). La cuestión urbana. México, DF: Siglo Ventiuno, 517p.
Castro, Iná Elías (2014). Escala e pesquisa na geografia. Problema ou solução? Em: Espaço Aberto, vol. 4, n.º 1, p. 87-100.
Cepal —Comisión Económica Para América Latina y el Caribe—(2017). Perspectivas del Comercio Internacional de América Latina y el Caribe Recuperación en un contexto de incertidumbre. Santiago, Chile: Cepal, 175p.
Christophers, Brett (2015). The limits to financialization. Em: Dialogues in Human Geography, vol. 5, n.º 2, p. 183-200.
Eichengreen, Barry (2002). A globalização do capital: uma história do sistema monetário internacional. São Paulo: Ed. 34, p. 23-74.
Fajnzylber, Fernando (1983). La industrialización trunca de América Latina. México, D.F.: Ed. Nueva Imagen, 416p.
Fernández, Victor Ramiro (2017). Desenvolvimento regional sob transformações transescalares: porque e como recuperar a escala nacional? Em: Brandão, Carlos Antonio, Fernández, Victor Ramiro e Ribeiro, Luiz Cesar (Orgs.). Escalas espaciais, Reescalonamentos e Estatalidades: lições e desafios para a América Latina. p. 276-325. Rio de Janeiro: Letra Capital.
Fiori, José Luís (2007). O poder americano. Petrópolis: Vozes, 456p.
Fix, Mariana (2011). Financeirização e transformações recentes no circuito imobiliário no Brasil. Tese para obter o título de Doutora na área de Desenvolvimento Econômico. Universidade Estadual de Campinas, Brasil, 288p.
Furtado, Celso (2013). Essencial Celso Furtado. São Paulo: Companhia das Letras/Penguin, 528p.
Gottdiener, Mark (1997). A produção social do espaço urbano. São Paulo: Edusp, 312p.
Guttman, Robert (2008). Uma introdução ao capitalismo dirigido pelas finanças. Em: Novos Estudos Cebrap, n.º 82, p. 1-33.
Harvey, David (2013). Os limites do capital. São Paulo: Boitempo, 592p.
Harvey, David (2005). A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 251p.
Harvey, David (2004). Espaços de Esperança. São Paulo: Edições Loyola, 382p.
Harvey, David (1992). Condição pós-moderna: Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola, 352p.
Harvey, David (1989). From managerialism to entrepreneurialism: the transformation of urban governance in late capitalism. Em: Geografiska annaler, vol. 71, n.º 1, p. 3-17.
Holston, James (2013). Cidadania insurgente: disjunções da democracia e da modernidade no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 463p.
Jessop, Bob (2001). Institutional re (turns) and the strategic-relational approach. Em: Environment and Planning A, vol. 33, p. 1213-1235.
Klink, Jeroen e Souza, Marcos Barcellos de (2017). Financeirização: conceitos, experiências e a relevância para o campo do planejamento urbano brasileiro. Cadernos Metrópole, São Paulo, vol. 19, n.º 39, p. 379-406.
Lazonick, William e O’Sullivan, Mary (2000). Maximizing shareholder value: a new ideology for corporate governance. Em: Journal Economy and Society, vol, 29, n.º 1, p. 13-35.
Lefebvre, Henri (2008). Espaço e política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 190p.
Lefebvre, Henri (1973). A Reprodução das Relações de Produção. Trad. A. Ribeiro e M. do Amaral. Porto (Portugal): Publicações Escorpião-Cadernos O Homem e a Sociedade, 115p.
Logan, John e Molotch, Harvey (1987). Urban Fortunes: the political economy of place. University of California Press, 383p.
Lojkine, Jean (1981). O Estado capitalista e a questão urbana. São Paulo: Martins Fontes, 181p.
Maricato, Erminia (2011). O impasse da política urbana no Brasil. Petrópolis: Vozes, 93p.
Marx, Karl (1983). O capital: crítica da economia política. vol. 3. São Paulo: Boitempo, 751p.
Massey, Doreen (1984). Spatial Divisions of Labour. Londres: Macmillan, 339p.
Matela, Igor (2014). Transição regulatória no transporte por ônibus na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Letra Capital, 153p.
Mello, Marcus (1990). Regimes de acumulação, Estado e articulação de interesses na produção do espaço construído (Brasil 1940-1988). Em: Valladares, Licia; Preteceille, Edmon (orgs.) Reestruturação urbana, tendências e desafios. p. 168-180. SP: Nobel-Iuperj.
Müller, Leonardo André Paes e Paulani, Leda María (2012). O capital portador de juros em O capital ou o sistema de Marx. Em: Trans/Form/Ação, vol. 35, n.º 2, p. 69-92.
Oliveira, Fabio Lucas Pimentel e Werner, Deborah (2014). Perspectiva histórica do planejamento regional no Brasil. Coleção Documentos de Projeto. Santiago, Chile: Ilpes-Cepal, 32p.
Oliveira, Francisco (1998). Os direitos do antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita. Petrópolis: Vozes, p. 19-48 .
Pacheco, Carlos Américo (1998). A fragmentação da Nação. Campinas: IE-Unicamp, 291p.
Palley, Thomas (2007). Financialization: What It Is and Why It Matters. Working Paper No. 525. The Levy Economics Institute and Economics for Democratic and Open Societies. Washington, D.C., 31p.
Peck, Jamie e Theodore, Nick (2015). Fast Policy: Experimental Statecraft at the Thresholds of Neoliberalism. Minneapolis: University of Minnesota Press. 328p.
Pinto, Aníbal (1973). Heterogeneidad estructural y modelo de desarrollo reciente de la América Latina. Santiago de Chile: Ilpes/Cepal. 54p.
Pinto, Aníbal (1976). Notas sobre estilos de desarrollo en América Latina. Em: Revista de la Cepal, Santiago de Chile, n.º 1, p. 97-128.
Piquet, Rosélia P. S. (1990). Grandes Projetos e Tendências na Ocupação do Território: a modernização excludente. Em: Espaço & Debates, vol. 31, p. 72-81.
Porcile, Gabriel (2011). La teoría estructuralista del desarrollo. Em: Infante, Ricardo. El desarrollo inclusivo en América Latina y el Caribe: ensayos sobre políticas de convergencia productiva para la igualdad. p. 31-64. Santiago, Chile: Cepal.
Rezende, Fernando (2018). Federalismo fiscal e gestão pública. Em: Negri, José Alberto, Araújo, Bruno Cesar e Bacelette, Ricardo. Desafios da Nação: artigos de apoio. p. 203-228. Brasília, DF: Ipea.
Ribeiro, Ana Clara (2012). Homens Lentos, Opacidades e Rugosidades. Redobra-UFBA, vol. 3, n.º 9, p. 58-71.
Riffo, Luis; Jordan, Ricardo e Prado, Antonio (orgs.). (2017). Desarrollo sostenible, urbanización y desigualdad en América Latina y el Caribe: dinámicas y desafíos para el cambio estructural. Santiago, Chile: Cepal, 425p.
Rodriguez, Vicente (1994). Os interesses regionais e a Federação Brasileira. Em: Ensaios, vol. 15, n.º 2, p. 338-352.
Rofman, Alejandro (2016). Notas sobre subsistemas espaciais e circuitos de acumulação regional. Em: Boletim Campineiro de Geografia, vol. 6, n.º 1, p. 247-274.
Sanfelici, Daniel (2013). Financeirização e a produção do espaço urbano no Brasil: uma contribuição ao debate. Em: EURE, vol. 39, n.º 118, p. 27-46.
Smith, Neil (1988). Desenvolvimento Desigual. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 250p.
Smolka, Martín Oscar (1987). O capital incorporador e seus movimentos de valorização. Em: Cadernos Ippur, vol. 22, n.º 1, p. 41-78.
Souza, Marcelo Lopes (2013). Escala geográfica, construção social da escala e políticas de escala. Em: Souza, Marcelo Lopes de. Os conceitos fundamentais da pesquisa socioespacial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 179-216.
Stroher, Laisa Eleonora Maróstica (2017). Operações urbanas consorciadas com Cepac: uma face da constituição do complexo imobiliário-financeiro no Brasil? Em: Cadernos Metrópoles, vol. 19, n.º 39, p. 455-477.
Tavares, Maria da Conceição (1998). Ciclo e crise: o movimento recente da industrialização brasileira. Campinas, Unicamp, IE.
Tavares, Maria da Conceição (1985). A retomada da hegemonia norte-americana. Em: Revista de Economia Política, vol. 5, n.º 2, p. 5-15.
Werner, Deborah (2016). Estado, capitais privados e territórios no processo de reconfiguração do setor elétrico pós-1990. Tese para obter o título de Doutora em XX. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, 434p.
Werner, Marion; Bair, Jennifer e Fernández, Victor Ramiro (2014). Linking up to development? Global Value Chains and the Making of a Post-Washington Consensus. Em: Development and change, vol. 45, n.º 6, p. 1219-1247.
Biografía del autor/a

Fabio Lucas Pimentel De Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Economista, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. Mestre e Doutor em Desenvolvimento Econômico, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, Brasil. Professor, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: fabio.oliveira@ippur.ufrj.br